sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Criminosos ameaçam quem descumprir pacto de paz entre gangues em Fortaleza

Pactos como o revelado nas gravações seriam responsáveis pela redução do número de homicídios. (FOTO: Reprodução/TV Jangadeiro)

Um áudio revela a existência de um suposto pacto entre grupos rivais dispostos a matar quem quebrar o regime de pazestabelecido na região. Ele está circulando nas redes sociais.

“É da parte do Hélio Filho aqui das Barreiras. Lá na parte das Barreiras, lá do outro lado lá da favela do Babi, lá onde o Babi mora foi quebrado o regime de paz. Derramaram sangue lá. O Bila, um tal de Paulo, o marido da Sandrinha e outro cara aí que eu esqueci o nome”, fala o homem.

O homem segue ressaltando que os responsáveis pelos assassinatos serão punidos e que sofreriam as consequências por seus atos. “Foi dito desde o início: ‘Quem derramar sangue e quem passar por cima do regime da paz vai sofrer as consequências’. Eles quebraram o regime da paz então todos os grupos sabem qual a sentença deles. Derramaram sangue. O Sangue deles tem que ser derramado”, ameaça.

Pactos como o revelado nas gravações seriam responsáveis pela redução do número de homicídios em áreas violentas da cidade. Mas a existência de alianças no mundo do crime ainda é tratada com silêncio pelas fontes oficiais.

O delegado titular do 7º Distrito Policial, Barbosa Filho, não confirma a existência desse pacto pela paz. “Não existe pacto nenhum. O que está acontecendo é o que existia antigamente, rivalidade entre as gangues. Tanto que neste final de semana houve assassinatos na área da AIS1. União pela paz entre gangues não existe. A usura é grande pelo tráfico de drogas e elas sempre estarão brigando”, aponta.

O Barra Pesada foi até a comunidade da Lagoa Seca, no bairro Sapiranga, onde os moradores comemoram a redução da criminalidade em um prazo de 11 meses. Irmão Marcelo, morador da comunidade, reconhece que a redução da criminalidade na região aconteceu após um pacto entre as duas maiores gangues do bairro.

“Em 2015, aqui no Campo da Leda, onde hoje você vê esses meninos jogando bola, as duas maiores gangues que tinha no bairro, que era a gangue da Lagoa Seca e a gangue do Alecrim, fizeram um pacto pela paz. Onde essas pessoas envolvidas com as gangues resolveram fazer um pacto de paz em favor da comunidade”, conta.

Na zona oeste de Fortaleza outras três comunidades historicamente dominadas pelo tráfico, Pirambu, Goiabeiras e Colônia, também ensaiam possíveis acordos para diminuir o número de morte no local.

O advogado Airton Barreto, que é morador do bairro Pirambu, não vê com bons olhos o novo arranjo, mas confirma a existência do pacto. “Eu acredito que a paz é fruto da justiça. E com a paz aparecendo de outra forma, isso nos interpela muito. Acho uma vergonha o pacto de paz partir de qualquer outro grupo que não seja a sociedade, ou do estado”, aponta.

Em uma das áreas de maior índice de homicídios na capital, a Vila Velha, na Barra do Ceará, e suas comunidades adjacentes, haveriam se unido ainda no ano passado e selado um pacto pela paz entre as gangues do Garanho e do 3V. Este pacto já teria sido rompido recentemente e alguns assassinatos voltaram a acontecer. Na redes sociais, os integrantes das gangues demarcam espaço. O Barra tentou ouvir a população local a respeito do pacto, mas os populares se recusaram a falar a respeito.


Confira a reportagem do Barra Pesada sobre o assunto. Clicando aqui.

Fonte: Tribuna do Ceará.

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